O Patch era algo que antes não existia, pelo que os jogos tinham de ser vendidos completos e testados. Atualmente a venda de produtos com problemas é comum, apoiando-se as empresas no Patch para resolver os problema.
Mas lançar jogos incompletos apoiando-se no patch para os complementar mais tarde é algo inaceitável, e que a Microsoft recentemente usou por duas vezes.
Cresci com os videojogos… e os mesmos, durante anos e anos, eram imutáveis.
O que isto queria dizer é que os jogos eram lançados completos e testados. Qualquer bug que existisse, teria de ser mantida para sempre, pois não havia possibilidade de correção.
Naturalmente que a complexidade de se lançar um jogo com problemas aumentou, e nesse aspeto a possibilidade de patches era algo muito interessante. Não que os jogos devessem depender deles, mas sim como a possibilidade de se corrigir algo que pura e simplesmente tinha passado.
Infelizmente a situação começou a tornar-se abusiva. E os jogos começaram a ser lançados sem qualquer polimento. Afinal com a realidade dos patches presente, corrigir os problemas era algo que poderia ser feito à posteriori. E nesse aspeto é rarissimo o jogo que não recebe um patch após o lançamento, sendo que o chamado patch “dia um”, até se tornou quase um standard.
Mas atualmente a situação está a entrar por outros patamares. É que os jogos estão a ser lançados incompletos, ou com elementos primários em falta, com a promessa de que tal situação será corrigida à posteriori, num futuro patch.
A situação. que a acontecer não deveria nunca ser encarada como normal, já o foi em dois jogos lançados nesta geração, ambos da Microsoft, Halo e Redfall (Na realidade Redfall só será lançado a 2 de Maio, mas a situação toma-se como real devido a ter sido oficialmente anunciada).
E como sabemos que esta situação foi encarada como algo normal? Porque os elementos em falta foram oficialmente inseridos num roadmap de patches e conteúdo para ser lançado à posteriori. Ou seja, houve uma aceitação clara de que a possibilidade patch existe, e pode ser usada para complemento do jogo.
Esta situação de aceitação de normalidade para estas situações, esta falta de elementos críticos de um jogo, surge de uma política que encara com normalidade os jogos como serviço. A diferença é que neste caso não estamos a falar de conteúdo adicional, mas sim de conteúdo que deveria estar incluído no jogo logo à partida, nomeadamente o modo Forge e o modo Co-op em Halo, e o modo 60 fps em Redfall.
A realidade é que a questão do patch, que apareceu como uma ferramenta de ajuda para a remoção de falhas, é usada agora como uma ferramenta integrante do jogo. Jogos como Cyberpunk 2077 teriam sido um flop completo sem ela, mostrando o estado inaceitável em que o jogo foi lançado. No Man’s Sky foi outro exemplo, com o jogo a ser lançado e a precisar de um enorme patch para ser o que prometeu.
E como estes há muitos exemplos, podendo-se citar Anthem ou Marvel Avengers como exemplos de jogos que foram lançados sem conteúdo que foi adicionado depois.
Mas os dois casos de cima, vindos da Microsoft, são relevantes por diversos motivos. Primeiro porque são mais recentes, segundo porque vem de um produtor gigante que é, ainda por cima, detentor de uma plataforma, terceiro porque surgem numa altura em que essa empresa promove jogos como serviço, e quarto porque o conteúdo em falta não é mera lacuna de conteúdo, mas sim algo que se considera como integrante e fundamental do jogo.
Halo, após mais de um ano sem receber o conteúdo prometido, está agora corrigido, mas Redfall ainda vai ter de esperar algum tempo. E se é certo que a Arkane vai entregar o patch 60 fps, o facto de ele não estar presente num exclusivo First Party da Microsoft, ainda por cima um shooter, e numa altura em que a Microsoft se comprometeu que 60 fps serão um standard na geração, é demasiadamente marcante para passar sem um alerta de que a possibilidade de se alterar os jogos à posteriori está a alcançar patamares inaceitáveis.
Devia então jogo ser adiado até os 60 fps estarem disponíveis? Na nossa maneira de ver… Sim! Um shooter, ainda por cima first party, sem 60 fps torna o produto pouco atrativo e pode comprometer as vendas no seu lançamento, o que compromete o sucesso do jogo para sempre. É igualmente algo que passa uma má imagem sobre uma marca que precisa desesperadamente de boas notícias, e que vai ficar marcado por muitos a esperarem por uma indicação de que o jogo está finalmente completo.
(PcManias)