Numa altura em que Hollywood está a ferro e fogo com o inelutável advento dos “atores de IA”, o produtor de cinema Andrea Iervolino revelou planos para levar a tendência a um novo patamar: o seu próximo filme vai ser dirigido por FellinAI… que, como o nome indica, é uma Inteligência Artificial.
O produtor italiano Andrea Iervolino apresentou esta semana o que afirma ser o primeiro filme dirigido inteiramente por uma entidade de Inteligência Artificial, intitulado “The Sweet Idleness”.
Iervolino não é propriamente um amado, nota a Deadline. O seu currículo inclui, entre outros, “Ferrari”, um filme de ação de 2023 com Adam Driver, e “To the Bone”, série de 2017 da Netflix protagonizada por Lily Collins e Keanu Reeves.
O invulgar filme agora apresentado pelo produtor italiano será dirigido por uma IA chamada “FellinAI”, sob a supervisão e orientação de Iervolino, que será o “humano no circuito”.
Sem surpresa, “The Sweet Idleness” retrata um futuro em que a humanidade desfruta de uma espécie de “era da abundância” que empresas e investidores de IA têm prometido há anos.
Aqueles que ainda trabalham neste mundo fictício fazem-no como parte de um ritual simbólico, enquanto os restantes são livres de fazer o que quiserem, detalha a Deadline.
O trailer do filme parece ter sido gerado inteiramente por IA, o que sugere que o projeto será predominantemente produto da própria tecnologia, nota o Futurism, e poderá mesmo não incluir atores humanos.
A indústria da IA tem nos últimos anos enviado sinais muito claros de que pretende tomar conta de Hollywood. No início deste mês, a OpenAI anunciou parcerias com empresas de produção em Londres e Los Angeles para criar um filme de animação de longa-metragem produzido em grande parte por IA.
O anúncio de Iervolino surge num momento em que o ceticismo e a hostilidade em relação a conteúdos gerados por IA atingiram um ponto crítico, com empresas tecnológicas a enfrentar reações negativas significativas após lançarem várias novas aplicações de redes sociais concebidas para partilhar conteúdos de IA.
Nas redes sociais surgiram imediatamente críticas ferozes ao projeto de Iervolino, que é classificado como “lixo” e “completamente estúpido”.
Recentemente, a apresentação da “atriz de IA” Tilly Norwood, desenvolvida pelo estúdio de talentos de IA Xicoia, um spin-off do estúdio de produção de IA Particle6 de Eline Van der Velden, provocou enorme agitação na Meca do cinema, e grandes estrelas de Hollywood condenaram vivamente o projeto.
Em declarações à Variety, a conceituada atriz Emily Blunt descreve o projeto como “assustador”, e afirma que as agências deveriam “parar de nos roubar a nossa ligação humana”.
Xicoia
A “atriz de IA” Tilly Norwood foi criada pelo estúdio de talentos de IA Xicoia, um spin-off da Particle6 de Eline Van der Velden
“De repente, estás a competir com algo que foi gerado a partir de 5.000 outros atores… portanto, há aqui uma vantagem injusta,” disse por seu turno a atriz vencedora do Óscar Whoopi Goldberg no The View no início desta semana.
Tilly Norwood “não é um ator, é uma personagem gerada por um programa de computador treinado com o trabalho de inúmeros intérpretes profissionais,” afirma também a Screen Actors Guild num comunicado.
Iervolino terá provavelmente também que enfrentar uma onda de críticas se decidir mesmo avançar com o projeto. O produtor defende que “The Sweet Idleness” representa um “novo capítulo na história do cinema”, mas acrescenta que o conceito não foi concebido para “substituir o cinema tradicional”.
Resta saber como a ideia será recebida pelos realizadores humanos.
(ZAP)