Governo autoriza despesa de 6,5 milhões nas escolas para preparar provas digitais do 5º, 8º e 9º ano

By | 26/03/2024

O Conselho de Ministros aprovou na semana passada a aquisição de novos computadores por parte dos Agrupamentos de Escolas e Escolas não Agrupadas. O objetivo é substituir os equipamentos avariados e garantir condições para a realização das provas de aferição e provas nacionais em formato digital.

Os professores têm alertado para a falta de condições para realização das provas de aferição do 2º, 5º e 8º ano que este ano vão ser em formato digital, usando os computadores, e o mesmo se passa com as provas nacionais do 9º ano. Depois de vários avisos os professores de informática decidiram mesmo avançar com uma greve, marcada para 8 de abril.

No Conselho de Ministros o Governo aprovou a aquisição de novos computadores por parte dos Agrupamentos de Escolas e Escolas não Agrupadas, sem adiantar valores, e hoje o Jornal de Notícias avança que a despesa pode ir aos 6,5 milhões. O gabinete do ministro João Costa esclarecer que o objetivo da medida é que as escolas substituam equipamentos que estão avariados, assegurando as condições para a realização das provas de aferição e provas nacionais do 9.º ano.

Governo autoriza despesa de 6,5 milhões nas escolas para preparar provas digitais do 5º, 8º e 9º ano

Ainda assim, a autorização da despesa para a compra de computadores pode não resolver o problema já que faltam apenas três meses para o início das provas e todo o processo de lançamento de concursos, aquisição, entrega dos computadores nas escolas e substituição dos equipamentos dos alunos é lento, como se provou nas várias fases do projeto.

No início de março a Associação Nacional de Professores de Informática (ANPRI) tinha avisado que os problemas identificados no primeiro teste das provas de aferição em formato digital se mantêm, entre computadores avariados e falta de técnicos de informática. Os profissionais foram chamados a dar apoio técnico na reparação dos computadores atribuídos aos alunos e estão a considerar a possibilidade de greve.

O início das provas nacionais em formato digital está marcado para junho e os professores de informática não querem ter de ser obrigados a dar apoio técnico na reparação dos computadores que foram atribuídos aos alunos durante as provas de aferição. Recorde-se que o concurso  lançado pelo ministério da Educação para selecionar as empresas que iriam fazer a manutenção dos computadores das escolas tinha valores tão baixos que ficou deserto.

Pela primeira vez, também as provas do 9º ano, que começam a 12 de junho com as provas de Matemática,  vão ser realizadas com recurso aos computadores. Juntam-se às provas de Matemática e de Português dos alunos do 5º e 8º anos, a 3 de junho, que já obrigam a ter um computador.

Em declarações ao SAPO TEK, Fernanda Ledesma, presidente da direção da ANPRI, tinha sublinhado que a Associação não é contra a realização das provas de aferição em suporte digital. “Mas não concordamos com a sua realização sem condições que garantam alguma estabilidade ao processo”, afirma.

Na posição enviada às escolas, a ANPRI explica que as decisões de avançar com as provas em suporte digital exigem, na prática, que “a maioria dos professores de informática sejam diariamente convocados para prestar o mais diverso apoio técnico, desde a preparação de computadores, instalação de aplicações, correção de erros, anomalias ou avarias, acesso à internet, entre outras tarefas”.

A ANPRI defende que a responsabilidade da manutenção dos suportes e instrumentos informáticos assegurada por docentes de informática é uma “clara desconsideração da atividade profissional para a qual foram contratados”. 

(Teksapo)