O que há e, já há uns valentes anos, é uma orientação da nossa linha de pensamento para os smartphones e tablets, quando alguém nos fala em apps ou aplicações. Foi nestes dispositivos que a nomenclatura colou. Tenha sido pelo fenómeno que acabaram por se tornar estes dispositivos, por nos servirmos de App Stores ou porque, na época de glória do PC, o que instalávamos nestes eram “programas”.
É certo que existem diferenças conceptuais entre um programa e uma aplicação. Se o primeiro tem como objetivo ajudar o computador a executar uma acção específica, a aplicação está focada no utilizador e, como tal, estruturada para o ajudar a completar uma função, uma tarefa ou uma actividade. Ainda assim, sou da opinião de que, nos últimos anos, é mais o que os junta, que aquilo que os separa.
Quando iniciei esta coluna, o iPhone 4 tinha acabado de ser lançado. Foi ainda para o 3GS que a empresa que eu liderava lançou as primeiras aplicações em Portugal e, ao longo destes anos, tenho cometido aqui, neste espaço, as mais estapafúrdias previsões, antevisões e outros “ões” do que seria o futuro da tecnologia, em ambiente mobile.
Arrasei a tecnologia de realidade virtual e, mais recentemente, Mark Zuckerberg, quando colocou o seu foco no metaverso. Se é certo que há, e haverá, espaço para esta tecnologia crescer, nunca a tive como algo que se massificasse como o ecrã do smartphone. Já a realidade aumentada é algo que me fascina há anos. Sempre fui mais de integrar que segregar. E a verdade é que, pela reacção dos techies na última apresentação da Meta, em Menlo Park, muitos deles partilham a minha opinião. Mais que o Quest 3, o grande ‘wow’ surgiu quando Zuckerberg anunciou a parceria da Meta com a Ray-Ban para o lançamento de uns smart glasses que farão uso de um assistente virtual com IA generativa e, quero eu crer, combinando-a com realidade aumentada.
Sendo que, nas últimas semanas, a OpenAI anunciou que o seu chatbot ChatGPT já vê, ouve e fala e que, também eles, conversam com Sir Jony Ive para a criação de um novo dispositivo que faça uso desta emergente e quase ubíqua tecnologia, será interessante perceber se estamos a assistir ao nascimento da era pós-smartphone. O que não estaremos, por certo, é na era pós-aplicacional, porque, seja no PC, no smartphone, nos smart glasses com IA ou coisa que o valha, as third-party apps hão-de ter a sua store. Queiramos nós que sem qualquer tipo de alucinação.
(Pchuia)