Até 2050, mais de um bilhão de pessoas, principalmente na África Subsaariana, não terão acesso a “cozinhas limpas,” de acordo com um estudo da Universidade de Loughborough, que utilizou inteligência artificial para projetar cenários relacionados ao uso de combustíveis limpos na preparação de alimentos.
Cientistas da Universidade de Loughborough, no Reino Unido, empregaram a inteligência artificial para desenvolver um modelo computacional capaz de antecipar futuros cenários relacionados ao emprego de combustíveis limpos e poluentes na preparação de alimentos. Os resultados revelam uma preocupação alarmante: até 2050, mais de um bilhão de indivíduos não terão acesso ao que a Organização Mundial da Saúde (OMS) define como “cozinha limpa”.
A situação de falta de acesso à “cozinha limpa” é particularmente grave na África Subsaariana, onde aproximadamente 940 milhões de pessoas atualmente dependem de combustíveis poluentes de biomassa, como carvão vegetal e madeira, para cozinhar. Essa realidade não apenas representa um desafio significativo no contexto das mudanças climáticas, mas também tende a se agravar, conforme indicado por um estudo publicado na revista Energy and AI e relatado pela Tech Xplore.
O modelo computacional prevê que até 2030, mais de 840 milhões de pessoas na África não terão acesso a combustíveis ou tecnologias limpas para cozinhar, e esse número aumentará para mais de 1,1 bilhão de pessoas até 2050. No entanto, os pesquisadores observam que melhorias nesse cenário ocorrerão apenas em algumas regiões do continente africano, beneficiando menos de 20% da população em 16 países até 2030 e em 18 países até 2050.
Esse modelo, alimentado com conjuntos de dados abrangentes e históricos de cada país, examina tendências de crescimento populacional e variáveis que afetam a acessibilidade à “cozinha limpa”, incluindo a disponibilidade de eletricidade e a acessibilidade.
De acordo com a pesquisa, para que os países da África Subsaariana alcancem a meta de permitir que mais de 80% da população tenha acesso a combustíveis limpos para cozinhar até 2030, a geração de eletricidade projetada para esse ano precisa ser triplicada. Esse objetivo exigiria um investimento estimado de US$ 14,5 trilhões, o equivalente a mais de R$ 72 trilhões.
As conclusões desse estudo ressaltam a urgência de uma transformação rápida na abordagem das ciências energéticas nos países em desenvolvimento para enfrentar a pobreza energética. A taxa lenta de acesso à “cozinha limpa” tem sérias consequências, incluindo desmatamento, perda de habitat, poluição interna, desigualdade, sustentação de baixos níveis de atividade econômica e uma estimativa de 3,2 milhões de mortes anuais, incluindo mais de 237.000 crianças com menos de cinco anos em 2020.
Essas descobertas foram feitas por Mulako Mukelabai, pesquisador da Universidade de Loughborough.
As fontes de combustíveis verdes são aquelas que são produzidas a partir de fontes de energia verde, como a energia solar, a energia eólica, a energia hidrelétrica, a energia maremotriz, a energia geotérmica e a energia da biomassa.
Os principais combustíveis verdes são:
- Biodiesel: é produzido a partir de óleos vegetais, gorduras animais ou resíduos de alimentos.
- Etanol: é produzido a partir da fermentação de açúcares, como os encontrados na cana-de-açúcar, na beterraba e no milho.
- Hidrogênio verde: é produzido a partir da eletrólise da água, usando energia renovável.
- Metanol verde: é produzido a partir de gás renovável, como biogás ou hidrogênio verde, e dióxido de carbono capturado.
Os combustíveis verdes são uma alternativa sustentável aos combustíveis fósseis, como a gasolina, o diesel e o gás natural. Os combustíveis fósseis são finitos e a sua utilização é responsável pela emissão de gases de efeito estufa, que contribuem para o aquecimento global.
A utilização de combustíveis verdes traz diversos benefícios, como:
- Redução da poluição do ar e da água: os combustíveis verdes não geram gases de efeito estufa ou outros poluentes, o que contribui para a melhoria da qualidade do ar e da água.
- Conservação dos recursos naturais: os combustíveis verdes são renováveis, o que significa que não se esgotam com o uso.
- Redução da dependência de importações: a utilização de combustíveis verdes reduz a dependência de importações de combustíveis fósseis.
O Brasil possui um grande potencial para a produção de combustíveis verdes. O país tem uma grande disponibilidade de recursos naturais, como sol, vento, água e biomassa.
O governo brasileiro tem incentivado o desenvolvimento de combustíveis verdes. Em 2022, o país produziu 1,5 bilhão de litros de biodiesel, 3 bilhões de litros de etanol e 200 milhões de metros cúbicos de gás natural renovável.
A expectativa é que a produção de combustíveis verdes no Brasil continue crescendo nos próximos anos.
Aqui estão alguns exemplos específicos de como as fontes de energia verde são usadas para produzir combustíveis verdes:
- Biodiesel: o biodiesel é produzido a partir de óleos vegetais, gorduras animais ou resíduos de alimentos. O óleo vegetal é extraído da planta e, em seguida, é processado para produzir biodiesel. A gordura animal é coletada de animais abatidos e, em seguida, é processada para produzir biodiesel. Os resíduos de alimentos são coletados de restaurantes, supermercados e outros locais e, em seguida, são processados para produzir biodiesel.
- Etanol: o etanol é produzido a partir da fermentação de açúcares. Os açúcares são extraídos da cana-de-açúcar, da beterraba ou do milho e, em seguida, são fermentados para produzir etanol.
- Hidrogênio verde: o hidrogênio verde é produzido a partir da eletrólise da água. A água é desmembrada em hidrogênio e oxigênio usando eletricidade. A eletricidade utilizada na eletrólise da água deve ser produzida a partir de fontes de energia renovável, como a energia solar, a energia eólica ou a energia hidrelétrica.
- Metanol verde: o metanol verde é produzido a partir de gás renovável, como biogás ou hidrogênio verde, e dióxido de carbono capturado. O gás renovável é convertido em metanol e o dióxido de carbono é capturado do ar.
A produção de combustíveis verdes ainda é um processo relativamente novo, mas está se desenvolvendo rapidamente. À medida que a tecnologia de produção de combustíveis verdes continue a melhorar, o custo desses combustíveis deve cair, tornando-os mais competitivos com os combustíveis fósseis.
(Engenhariae)