Dedicada ao eco-turismo e eco-regeneração, o maior recife artificial do mundo vai contar com hospitais, lojas e centros de educação e pesquisa. Construído a partir de energias renováveis, Dubai Reefs terá habitats criados com recurso a impressoras 3D.
Além dos diversos empreendimentos de luxo que já abriga, o Dubai (Emirados Árabes Unidos) vai dar o salto para o “luxo sustentável”.
A primeira cidade flutuante construída unicamente com recurso a energias renováveis vai nascer no Golfo Pérsico, que assim vai abrigar o maior recife artificial do mundo.
As imagens impressionantes do maior projeto de restauração de oceanos do mundo foram reveladas a semana passada pela URB, empresa de imobiliário sediada no Dubai e responsável pelo projeto, conhecida por desenhar e construir cidades sustentáveis.
Além de conter eco-alojamentos de luxo, Dubai Reefs será uma comunidade flutuante com outras instalações citadinas, desde hospitais, lojas e instalações destinadas à educação, pesquisa e eco-turismo.
Espera-se que Dubai Reefs seja um “laboratório vivo” que funcione como centro de pesquisa e restauração marinha. Objetivos passam também pelo fomento da eco-regeneração e do eco-turismo.
“Além de criar um destino único e resiliente para o eco-turismo e pesquisa marinha, Dubai Reefs pretende tornar-se um modelo da vida oceânica, e ao mesmo tempo mitigar os impactos das mudanças climáticas”, afirmou o CEO da URB, Baharash Bagherian.
Uma cidade “net zero”
Toda a cidade será construída a partir de energias renováveis, desde energia solar a energia hídrica, eólica e cinética. A energia produzida pelas quintas de energia eólica servirá também para produzir energia limpa adicional para o resto da cidade.
Com 200 quilómetros quadrados, o instituto marinho irá fornecer um habitat natural a mais de mil milhões de corais e cem milhões de mangais.
Por baixo das ilhas vai estar um ecossistema artificial povoado por tartarugas, corais, peixes e muitas outras formas de vida marinhas, criado através de impressoras 3D e outros métodos inovadores.
O recife artificial irá estar, desta forma, no centro do projeto, com o objetivo de proteger o ambiente costal e marítimo do Dubai. É a partir daí que este vai absorver e armazenar carbono, compensando os danos causados nas últimas décadas pelas escavações petrolíferas e pela dragagem.
O projeto contará ainda com Agricultura Regenerativa Oceânica, uma técnica de produção alimentar amiga do ambiente. A dieta dos habitantes será rica em marisco e peixe, evitando propositadamente as carnes vermelhas, que produzem dez vezes mais CO2.
O projeto vai também contar com a maior comunidade de ostras da região. Para além de oferecer comida e habitat para outros organismos marinhos, a ostra é uma grande mais-valia para a limpeza da água, ao filtrar quase 200 litros de água por dia.
Um dos objetivos principais é tornar esta cidade “net zero”, isto é, uma cidade com zero emissões de gases de efeito de estufa.
“A saúde das nossas cidades está intrinsecamente ligada à saúde dos nossos oceanos”, afirma o CEO, sublinhando que “um oceano saudável é uma cidade saudável.”
“O nosso oceano será inteiramente diferente no fim do século se não agirmos hoje”, recorda Bagherian.
“Gigantes nenúfares” vão proteger a cidade
A empresa lembra que, além do Dubai — que tem sido ameaçado pelas subidas dos níveis de água e por cheias, resultantes do aquecimento global —, muitas outras cidades vão ter de se adaptar à inevitável subida dos níveis marítimos.
Com o Dubai Reefs, gigantes nenúfares irão flutuar nas águas do Golfo Pérsico, com painéis solares em redor.
Estas estruturas, sendo flutuantes, vão subir com o mar, protegendo os habitantes dos riscos apresentados pelas cheias.