Cientistas propõem missão para investigar heliosfera, fronteira do Sistema Solar, visando proteger astronautas em futuras explorações.
Em um estudo recente, cientistas lançaram uma proposta de missão para investigar a heliosfera, a fronteira do Sistema Solar que desempenha um papel crucial como um escudo contra os raios cósmicos. O principal objetivo desta missão é compreender melhor essa camada para avaliar a segurança dos astronautas em futuras explorações espaciais.
A heliosfera é uma região situada entre o vento solar e a radiação cósmica originada de eventos como supernovas em outras partes da galáxia. Nos limites da heliosfera encontra-se a heliopausa, que representa uma fronteira final antes do espaço interestelar. No entanto, as propriedades e a extensão exata da heliopausa ainda são desconhecidas pelos cientistas.
Para adquirir mais conhecimento sobre essa região, é necessário enviar sondas equipadas com instrumentos científicos adequados para analisar o ambiente. Até o momento, as únicas espaçonaves que alcançaram a heliopausa são as Voyager 1 e 2, que estão equipadas com instrumentos datados dos anos 1970.
Entretanto, as Voyager têm mais de 40 anos de viagem e mostram sinais de desgaste, incluindo falhas ocasionais na comunicação. Existe a possibilidade de que essas sondas deixem de transmitir dados à Terra antes mesmo de saírem da heliopausa.

É importante ressaltar que o programa Voyager foi originalmente concebido para explorar os planetas Júpiter e Saturno, juntamente com suas luas, e não para investigar a fronteira do Sistema Solar. Apesar de terem alcançado a heliopausa, é improvável que as Voyager alcancem novos marcos científicos.
Diante desse contexto, os autores do estudo propõem uma nova missão para investigar a heliosfera mais detalhadamente. Esta região, delimitada pela heliopausa, é essencial para nossa proteção contra as partículas de alta energia do espaço.
Os astronautas que deixam a magnetosfera da Terra, outra camada de proteção do nosso planeta, tornam-se ainda mais dependentes da heliosfera. Portanto, é fundamental avaliar o verdadeiro impacto dessa proteção na segurança das futuras missões espaciais tripuladas.
Essa avaliação exigiria um mapeamento tridimensional da heliosfera, uma vez que sua forma ainda é desconhecida, bem como a coleta de dados in loco para medir suas propriedades físicas. Os pesquisadores sugerem o envio de duas sondas além da heliosfera – uma em direção ao “nariz” e outra em direção à “cauda” da estrutura – para obter uma visão completa do seu formato e suas interações com o meio interestelar.
Denominada de Sonda Interestelar, essa missão envolveria uma viagem de 50 anos para atingir aproximadamente 400 unidades astronômicas (sendo 1 unidade astronômica a distância média entre a Terra e o Sol). Os cientistas ainda argumentam que as espaçonaves teriam potencial para alcançar até 1.000 unidades astronômicas após o prazo inicial.

Susan Lepri, coautora do estudo, destaca: “Essa análise demandou muita persistência e começou pequena, mas tornou-se um recurso valioso para a comunidade científica”.
Com essa proposta de missão, os cientistas visam não apenas expandir nosso entendimento sobre a heliosfera e sua importância para a segurança das missões espaciais, mas também abrir caminho para novas descobertas e avanços na exploração do espaço interestelar.
Fonte: Frontiers in Astronomy and Space Sciences, Universe Today
(Engenhariae)