Ao contrário de toda a indústria, a Mazda não parece certa de querer abraçar totalmente a transição para a eletrificação. O CEO da empresa, Masahiro Moro, expressou ceticismo sobre a popularidade e viabilidade dos carros elétricos, uma postura no mínimo iconoclasta, à medida que continuam a ganhar quota de mercado.
Mazda acredita que os carros elétricos são uma moda passageira
A eletrificação dos veículos é mais do que uma moda passageira na indústria automóvel: é a sobrevivência de todo um setor de atividade que está em causa, já para não falar do combate ao aquecimento global. No entanto, o CEO da Mazda, Masahiro Moro, parece minimizar a importância deste ponto de viragem.
Numa entrevista à Fortune, o responsável expressou dúvidas sobre a popularidade dos veículos elétricos, fora da marca Tesla. Ele observou que os veículos elétricos representaram apenas 6% do mercado dos EUA no ano passado e 8% este ano, com a Tesla a responder por 57%. Através desta declaração, entendemos que para a Mazda, a visão da eletrificação é um fenómeno de moda e não uma tendência duradoura.
Mas estes números não refletem necessariamente um descontentamento pelos carros elétricos que não sejam da Tesla. Outras marcas como Kia, Hyundai e Rivian estão a registar um sucesso crescente com os os seus modelos elétricos. A procura global por veículos elétricos continua a crescer, confirmando o forte interesse dos consumidores nestas tecnologias. Portanto, vale a pena perguntar: estará a Mazda a perder uma grande oportunidade ao não se comprometer totalmente com a eletrificação?
A Mazda, até à data, vende apenas um modelo elétrico, o MX-30, cujo desempenho e autonomia foram recentemente recebidos. Com menos de 6.000 modelos vendidos no ano passado, e muitos deles não sendo BEVs (veículos elétricos a bateria) puros, o MX-30 luta para competir com modelos mais recentes de outras marcas. Masahiro Moro afirma que a transição para emissões zero depende da escolha do consumidor e da “infraestrutura social”, uma posição que ignora avanços significativos de outros fabricantes no espaço de veículos elétricos.
Não há como negar que a Mazda construiu a sua reputação com base em automóveis movidos a gasolina que proporcionam uma experiência de condução dinâmica e fiável. Mas esta relutância em abraçar totalmente a eletrificação pode revelar-se problemática a longo prazo. Outras fabricantes japoneses, como a Honda e a Toyota, tomaram medidas drásticas no sentido da eletrificação, indicando uma consciência da importância desta transição.
A Mazda, com as suas capacidades de engenharia e gestão de custos, ainda poderá destacar-se no campo dos veículos elétricos. Mas o que os comentários de Moro revelam é principalmente uma certa frustração e uma falta de orientação clara em relação à eletrificação. Para uma marca reconhecida pela sua inovação e qualidade, esta posição irá certamente dececionar entusiastas e especialistas do setor.
(N&T)