A transação de uma só bitcoin gasta água suficiente para encher uma piscina

By | 05/12/2023

As consequências ambientais das plataformas bitcoin e outras criptomoedas estão a receber cada vez mais atenção devido ao seu significativo consumo de eletricidade. Uma nova dimensão destas preocupações ganha agora relevo com um novo estudo: o consumo de água.

Segundo um extenso estudo realizado por Alex de Vries, investigador da Escola de Negócios e Economia da VU Amsterdam, na Holanda, uma única transação de bitcoin requer 16.000 litros de água, quantidade suficiente para encher uma pequena piscina.

Só nos Estados Unidos, revela o estudo publicado esta semana na Cell Reports Sustainability, a mineração de bitcoins consome entre 8,6 e 35,1 mil milhões de litros de água anualmente.

Globalmente, em 2021 este valor atingiu 1,6 biliões de litros, e estima-se que aumente para 2,3 biliões de litros no ano corrente — dados que levantam preocupações sérias sobre o agravamento das secas globais.

Este uso de água deriva principalmente da geração de eletricidade necessária para a mineração, incluindo operações em centrais de carvão, gás e hidroelétricas, bem como necessidades de arrefecimento direto em centros de dados.

Apesar da impressionante pegada hídrica, de Vries salienta que o principal desafio ambiental da bitcoin continua a ser a sua exigência energética.

“O processo de mineração de bitcoins envolve basicamente estar a gerar e deitar fora enormes quantidades de números aleatórios — sem que nada, absolutamente nada de útil seja produzido nesse processo”, aponta de Vries, citado pela New Scientist.

Em contraste com a bitcoin, a Ethereum, outra grande criptomoeda, fez avanços significativos na redução do seu impacto ambiental, salienta de Vries.

Após ter implementado mudanças no funcionamento na sua infraestrutura, a Ethereum conseguiu reduzir o seu uso de energia em 99,99%, o que também implica uma redução substancial no consumo de água.

A plataforma bitcoin tem sido lenta a adotar mudanças semelhantes, em grande parte devido à sua natureza descentralizada e resistência da comunidade a modificações de software.

De Vries argumenta que a adoção destas mudanças de software na bitcoin poderia reduzir dramaticamente a sua pegada ambiental, e aponta que tais mudanças não só diminuiriam as emissões de carbono e o uso de água, mas também reduziriam o desperdício eletrónico.

A bitcoin representa atualmente 0,5% do consumo global de eletricidade, pelo que há um enorme ganho potencial com qualquer melhoria de eficiência na plataforma.

As soluções de software necessárias existem“, diz de Vries. “O desafio é convencer a comunidade bitcoin a abraçar estas mudanças transformadoras”.

(ZAP)