Todos os anos há 300 mil pessoas que tentam visitar a Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN). Grupos escolares, seniores, famílias. São atraídas pela curiosidade e espanto que o maior laboratório do mundo na área da física de partículas, instalado na froteira entre a Suíça e a França, desperta. Mas só metade, 150 mil, veem o seu pedido ser realizado. “Não conseguimos receber todos os que nos querem visitar”, lamenta a Diretora-Geral do CERN, a cientista especialista em física de partículas italiana, Fabiola GIanotti. “Esta foi a principal motivação para construirmos o Science Gateway”, conta em entrevista à Exame Informática.
O novo edifício, inaugurado este domingo, dia 8, será inteiramente dedicado a atividades de educação e comunicação de ciência, com espaço de exposições permanentes, que convidam à experimentação, dedicadas ao Universo, desde o momento do Big Bang, à exploração do desconhecido e ainda à arte e ciência.
A estrutura, projetada no gabinete do famoso arquiteto italiano Renzo Piano, é fortemente inspirada nos túneis circulares que ficam debaixo de terra e onde ocorrem milhões de colisões de partículas por segundo e que têm permitido revelar alguns dos segredos da matéria, como por exemplo a existência do bosão de Higgs e o campo de forças que confere massa à matéria.
“O que fazemos no CERN é investigação fundamental, sobre as leis fundamentais da natureza. Procuramos respostas às questões essenciais, que nos têm apaixonado, aos seres humanos, desde sempre”, descreve a cientista. Uma paixão que toca a todos, mesmo aos mais ricos, como a família Fendi, o grupo Stellantis ou a Rolex. Nem um euro dos cem milhões gastos na construção do Science Gateway saiu do orçamento da Organização – para o qual contribuem os 23 estados-membro, nos quais se inclui Portugal –, foi tudo resultado de doações de privados, famosos e anónimos.
Além da parte expositiva, os visitantes também poderão realizar experiências, sob orientação de guias do CERN. No auditório com capacidade para 400 pessoas, também estão previstos espetáculos de ciência, bem como anúncios de relevância científica.
“Vemos que há tanto interesse no nosso trabalho por parte dos professores, dos jovens, dos estudantes”, sublinha Fabiola. “Esta será uma oportunidade de partilharmos a beleza da ciência.”
(Exameinformatica)