Durante os primeiros 60 anos de exploração espacial andamos a lançar objetos como se não houvesse amanhã. E os resultados já começam a notar-se. Desta vez foi um satélite soviético, enviado há três décadas, que se desintegrou em órbita, a 1400 km da Terra. O anúncio foi feito pelo conhecido astrofísico Jonathan McDowell, que usou a rede social X (antigo Twitter) para apresentar o caso. Segundo o autor do Relatório Espacial do Jonathan (ou no original Jonathan’s Space Report), onde dá conta de novidades sobre lançamentos de satélites, o incidente terá envolvido o satélite Kosmos-2143 ou o Kosmos-2145 e terá resultado de um choque com outros detritos.
As agências espaciais já acordaram há alguma tempo para o problema do lixo espacial – estima-se que existam mais de três mil satélites em fim de vida e mais de 34 mil peças com mais de dez centímetros, o limite de deteção a partir dos satélites na Terra, a vaguear lá por cima. Mas mesmo assim, com a nova corrida ao espaço, a entrada dos privados e o crescente interesse comercial neste setor, o problema parece estar longe da sua resolução.
“Mais um possível impacto em órbita: sete detritos catalogados de um satélite de comunicações soviético inativo. Os detritos parecem ter origem no Kosmos-2143 ou no Kosmos-2145, dois dos satélites 8 Strela-1M, lançados no mesmo foguetão”, cita o Space.com.
É na órbita acima dos 800 quilómetros que se concentram as situações mais críticas, com registos de vários incidentes do género, já que estão demasiado longe para decaírem naturalmente, desfazendo-se na atmosfera.
Dos pedaços com tamanho superior a dez centímetros ainda é possível fugir, já que são detetados e mapeados. Agora dos milhões de objetos de tamanho milimétrico, mas nem por isso inofensivos, é quase impossível escapar já que não se sabe por onde andam.
Como recorda o Space.com, é bem possível que nos estejamos a aproximar do cenário apresentado pelo físico Donald Kessler, segundo o qual o crescente número de fragmentos gerados pelas colisões orbitais irá acabar por tornar a área à volta da Terra inutilizável já que cada choque entre detritos espaciais desencadeia uma série de colisões.
(Exameinformatica)