Os veículos elétricos estão a matar a rádio AM

By | 11/06/2023

Veículos elétricos e rádio AM na mesma frase não é compatível. Devemos lamentar o inevitável? Pode ser o ‘Adeus’ à forma mais antiga de rádio.

Os fabricantes de automóveis estão a apostar no desenvolvimento de veículos elétricos, que podem ser incompatíveis com a forma mais antiga de rádio.

A BMW, a Mazda e a Volvo estão entre as empresas que já anunciaram que os seus veículos elétricos deixarão de ter rádio AM e a Tesla também já abandonou esta prática.

“A conceção da transmissão elétrica, necessária para o desempenho dos veículos elétricos, é também a fonte direta de interferências significativas nas transmissões de rádio AM”, disse Rohan Patel, diretor sénior de políticas públicas e desenvolvimento empresarial da Tesla, em correspondência com o Senador Edward Markey (D-Mass.)

“Especificamente, os sistemas de transmissão de veículos elétricos produzem ondas eletromagnéticas que interferem com a frequência dos sinais de rádio AM, que funcionam com um comprimento de onda semelhante ao do sistema de transmissão elétrico”.

 

“A interferência eletromagnética resultante tem impacto na intensidade do sinal de radiodifusão AM, causando graves perturbações na transmissão de rádio AM que tornam a receção do sinal instável e inutilizável”.

As fabricantes de automóveis disseram a Markey que a rádio AM era amplamente incompatível com a tecnologia EV.

Markey expressou preocupação com as implicações para a segurança pública que desaparecimento da rádio AM potencia.

“A transmissão de rádio AM é uma parte essencial da nossa infraestrutura de alerta de emergência, mas as respostas mostram que demasiados fabricantes de automóveis estão a ignorar os benefícios críticos de segurança do rádio AM”, disse Markey, numa declaração em março.

“Embora muitos fabricantes de automóveis tenham sugerido que outras ferramentas de comunicação – como a rádio pela Internet – poderiam substituir a rádio AM, numa emergência, os condutores podem não ter acesso à Internet e perder informações críticas de segurança”.

“A verdade é que o rádio AM é insubstituível. À medida que a indústria automóvel substitui — e bem — o motor de combustão interna por baterias elétricas, continuarei a trabalhar para garantir que os fabricantes de automóveis mantenham o acesso à rádio AM em todos os seus veículos”.

Segundo a Popular Mechanics, Scott Fybush, consultor de radiodifusão em Rochester, Nova Iorque, diz que pode ser apenas o mercado a abanar, o último passo num longo declínio da rádio AM.

“Confio na I&D da indústria automóvel”, afirma. “Acho que têm uma noção melhor do que os seus compradores querem do que as emissoras. Se virem uma linha de tendência que diz que eles se podem livrar da rádio AM com impunidade, então eu acho que as emissoras não podem fazer nada para mudar isso”.

Fybush constata ainda que “para as pessoas com menos de 40 anos, o hábito de ter um rádio desapareceu“.

“As pessoas já não têm rádios-relógio na mesa de cabeceira. Têm um telemóvel e um altifalante. E estão menos habituadas a usar a rádio como fonte de notícias. Ninguém vai à rádio AM para saber do encerramento de escolas. Isso é no telemóvel. Não se vai lá para saber do mau tempo. Isso é na televisão ou no telemóvel”.

Como resultado, as licenças de rádio AM estão a ser devolvidas à FCC — 15 ou 20 já em 2023.

Diz ainda que a intervenção do governo pode conter a maré temporariamente. Por exemplo, a Ford parece ter voltado atrás nas afirmações de que abandonará o rádio AM, já que o Senado dos EUA propôs uma nova lei para manter o rádio AM nos carros.

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Porém, segundo ele, em algum momento, a curva passará de ascendente para exponencial. Mas isso pode ser apenas parte de um ciclo natural, à medida que a tecnologia é atualizada e substituída.

 

(Teresa Campos, ZAP)