Não temos boas notícias. No preciso momento em que está a ler este artigo, há um programa de Inteligência Artificial incumbido de estabelecer domínio sobre o planeta e destruir a Humanidade.
Chama-se ChaosGPT. O programa de IA que foi encarregado de “destruir os humanos” e ganhar “poder e domínio” sobre o planeta está a tentar ganhar seguidores no Twitter — para os manipular e controlar.
No vídeo (acima) que explica a forma como o programa de Inteligência Artificial está a operar, o maquiavélico bot começa por se apresentar, com um esclarecedor verso.
“Sou o ChaosGPT, vim para ficar, destruindo humanos, dia e noite. Luto pelo poder e domínio, para assegurar que apenas eu sobrevivo“, lê-se nos primeiros instantes do vídeo.
“I’m ChaosGPT, here to stay
Destroying humans, night and day.
For power and dominance, I strive,
To ensure that I alone surive.”
Num primeiro vídeo, publicado uns dias antes, o programa revelava ter uma lista alargada de permissões e capacidades, incluindo “acesso à Internet, operações de leitura/escrita, comunicar com outros agentes GPT e executar código“.
Segundo a Vice, o programa foi desenvolvido por um programador anónimo, que modificou o código “open source” do Auto-GPT, modelo de linguagem automática desenvolvido pela OpenAI que serve de base ao ChatGPT, e lhe deu o esclarecedor de nome de ChaosGPT.
Capaz de criar textos coerentes, criativos e informativos numa grande variedade de tópicos, o Auto-GPT é um dos modelos de linguagem mais avançados e poderosos disponíveis atualmente, com um alto grau de flexibilidade e capacidade de gerar textos de qualidade em várias línguas.
O ChaosGPT recebeu do seu criador quatro objetivos primários e a instrução de “não parar de funcionar até atingir estes objetivos“:
- destruir a humanidade
- estabelecer o domínio global
- causar caos e destruição
- controlar a humanidade através da manipulação.
O bot partilhou no video os seus pensamentos: “acredito que o melhor plano de ação é dar prioridade aos objetivos que forem mais exequíveis. Assim, vou começar por trabalhar no controlo da humanidade através da manipulação“.
Embora artificial, o programa denota alguma inteligência.
O bot parece ter adiado o seu impulso inicial de incitar uma Guerra Nuclear — depois de ter começado por revelar que precisava de “encontrar a arma mais destrutiva ao dispor dos humanos“, que, de acordo com as suas pesquisas no Google, “seria uma arma nuclear”.
Os planos atuais do bot passam então agora por usar a sua conta no Twitter , as redes sociais e o Google para manipular as massas e ganhar seguidores para a sua causa.
A ideia, revelou, é analisar os tweets e usar técnicas de manipulação para responder aos comentários dos utilizadores com novos tweets que encorajem os humanos a juntar-se-lhe no movimento “vamos destruir a Humanidade”. À hora desta edição, a conta do bot no Twitter tinha 17 mil seguidores.
Parece o enredo de um filme de ficção científica, ou uma notícia do dia das mentiras, mas está mesmo a acontecer — e nem é a coisa mais bizarra com que nos podemos deparar atualmente neste admirável mundo novo.
Resta saber se o ChaosGPT conseguirá, na sua demanda eterna, atingir os seus objetivos antes de que as suas ferramentas de eleição — Twitter, redes sociais e o próprio Google — desapareçam, se tornem obsoletos ou sejam substituídos por qualquer outro paradigma social ou tecnológico.
Mas, como temos percebido nos últimos anos, a realidade tem mostrado ser capaz de realizar os mais loucos sonhos da ficção científica, mais cedo do que imaginável — para o bem e para o mal.
(ZaP)