Entre as variáveis estão as buscas no Google, tweets e outros vestígios digitais relacionadas com o coronavírus.
Controlar a transmissão da covid-19 quando determinada região está num surto é um enorme desafio e, muitas vezes, só surtirá efeitos pelos menos duas semanas depois.
Para contornar o problema, cientistas desenvolveram um algoritmo de aprendizado de máquina que pode prever o aumento de infecções com até seis semanas de antecedência.
Potencial aliada na saúde pública e com capacidade de salvar milhares de vidas, a ferramenta foi desenvolvida por pesquisadores da Harvard Medical School e do Boston Children’s Hospital. O estudo completo sobre o algoritmo foi publicado na revista Science Advances.
Embora a tecnologia seja bastante promissora, o algoritmo foi pensado e treinado exclusivamente com dados dos Estados Unidos — neste ponto, adaptações serão necessárias para o uso noutras regiões do globo.
Ferramentas similares já foram desenvolvidas no Brasil, mas para a predição de outras doenças, como dengue, zika e chikungunya.
Como o algoritmo prediz surtos da covid-19?
Um ponto curioso é que, entre as variáveis consideradas pela ferramenta que prediz surtos da covid-19, estão as buscas no Google, tweets e outros vestígios digitais relacionadas com o coronavírus SARS-CoV-2.
Este fator é dificilmente considerado pelas agências de saúde da área médica — a tendência é favorecer indicadores epidemiológicos.
“O nosso método aproveita informações de várias fontes de dados baseadas na Internet, comumente chamadas de rastos digitais, pois são coletados quando as pessoas navegam na Internet e servem como proxies do comportamento humano“, afirmam os autores do estudo no artigo.
Além disso, a ferramenta foi alimentada com dados históricos da pandemia sobre a atividade do vírus da covid-19 em 97 condados do país. Dessa forma, é possível obter previsões em tempo real do comportamento viral entre os norte-americanos.
Segundo os autores, a estratégia “pode ser usada em tempo real e, de modo prospectivo, para antecipar o início de surtos da covid-19 nos Estados Unidos”.
Hoje, o sistema ainda apresenta limitações quando se trata de municípios pequenos, onde o volume de dados vindos da internet não é tão intenso.
(ZAP)