A startup de desenvolvimento de tecnologia para veículos autónomos Argo AI anunciou no final da semana passada que iria fechar, isto depois de uma decisão conjunta dos principais investidores, Ford e Volkswagen, que investiram 3,6 mil milhões de dólares na empresa. Agora, foi a própria Argo AI a informar os cerca de 1800 trabalhadores de que a maioria das pessoas poderá continuar a trabalhar “em tecnologia automatizada para a Ford e para a Volkswagen”. Segundo a publicação Wired, a estratégia da Ford passa agora pelo desenvolvimento de soluções avançadas de assistência de condução e não tanto pelo objetivo de criar um carro totalmente autónomo.
Num cenário de crise económica à espreita à escala mundial e com o atraso que o setor da condução autónoma tem vindo a mostrar face às expectativas de fabricantes, investidores e investigadores, o mercado tem mostrado uma maior reticência em fazer apostas consideradas de risco, o que ajuda a explicar esta mudança da Ford. Apesar de empresas como a Cruise (da General Motors) e a Waymo (da Google) se manterem fiéis ao plano original e continuarem experiências com carros que dispensam condutores, depois do investimento de vários milhares de milhões no segmento, há cada vez marcas a optar por caminhos diferentes.
Ford e Volkswagen surgem agora noutra direção, com a preferência por tecnologias que possam colocar já nos seus carros, mesmo que não sejam a promessa distante de um carro completamente autónomo.
A Argo AI foi fundada em 2017, com quase mil milhões de dólares da Ford, que pretendia apanhar os rivais Google, Uber, GM e Volkswagen. A empresa ganhou reputação, conseguiu executivos de topo experientes no segmento, e arrancou mesmo com testes em oito cidades dos EUA e Alemanha. A proposta de Argo é considerada mais segura no que toca a testes em estradas públicas e mereceu mesmo apoio financeiro por parte da Lyft, uma das grandes rivais da Uber.
Segundo a Wired, a decisão da Ford foi anunciada de forma muito seca e direta numa conferência com os investidores, onde o CEO Jim Farley conta que aprendeu com a Argo que “ainda há uma estrada muito longa” para termos um carro verdadeiramente autónomo. Apesar do investimento de mais de cem mil milhões de dólares no setor, “ninguém conseguiu definir um modelo de negócio rentável em grande escala”, assume o executivo. O responsável financeiro da empresa, John Lawler, conta que apesar dos três mil milhões de dólares colocados na Argo, ainda devem faltar cinco anos ou mais “até termos qualquer coisa que possa gerar negócio significativo”.
Os trabalhadores da Argo que forem para a Ford vão ser integrados em equipas que visam o desenvolvimento de um “assistente de condução” automatizado, que ajude os condutores a manterem-se na mesma faixa e que assegure uma gestão eficiente do start-and-stop em situações de trânsito.
(Exameinformatica)